Na linguagem comum, o termo “perversão” costuma estar associado a comportamentos sexuais considerados desviantes. Mas na psicanálise, especialmente na vertente lacaniana, a perversão não é definida por um ato, mas por uma estrutura clínica , ou seja, uma forma específica de o sujeito se posicionar diante da castração, do desejo e da falta. A recusa da castração Todo sujeito, ao se constituir, passa por um momento crucial: a entrada na linguagem e o reconhecimento de que não é tudo para o Outro . Esse reconhecimento é o que chamamos de castração simbólica — uma marca de que somos seres faltantes, de que há um limite ao nosso gozo. O sujeito neurótico, por exemplo, sofre com essa castração. Ele gira em torno dela, fantasiando, culpando-se, evitando, desejando e temendo ao mesmo tempo. O perverso, por outro lado, não aceita ocupar o lugar de sujeito castrado . Ele vê a castração — ele não é ingênuo — mas a recusa subjetivamente . Em vez de se posicionar como faltante, ele encena a...
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