Introdução ao Inconsciente Lacaniano: o que é e como se forma
O que é o inconsciente em Lacan?
Para Lacan, o inconsciente não é um lugar, nem um depósito de conteúdos reprimidos, como uma espécie de "porão" da mente. Ele é uma estrutura, um funcionamento, e se manifesta através de elementos que escapam ao domínio consciente, como lapsos, atos falhos, sintomas e sonhos.
O famoso aforismo de Lacan resume bem:
“O inconsciente é estruturado como uma linguagem.”
Isso quer dizer que o inconsciente funciona segundo as mesmas leis que regem a linguagem: a metáfora (substituição) e a metonímia (deslizamento). O sujeito inconsciente é, portanto, um efeito da linguagem.
Como se forma o inconsciente?
A formação do inconsciente ocorre a partir da entrada do ser humano na linguagem, o que Lacan chama de entrada no simbólico.
O simbólico: onde o inconsciente se estrutura
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O ser humano nasce num mundo já estruturado por uma língua, pela cultura e pela lei.
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Desde o nascimento, o bebê é capturado por esse mundo: recebe um nome, é chamado, é investido de desejos e expectativas pelos outros (sobretudo pela mãe).
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Essa rede de significantes, que precede o sujeito, é o que Lacan chama de “o Outro” (com O maiúsculo).
Assim, o inconsciente se estrutura a partir do encontro com o discurso do Outro — com as palavras, proibições, permissões, desejos e expectativas que marcam o sujeito desde antes de seu nascimento.
Resumo: O inconsciente se forma quando o sujeito passa a ser falado, nomeado, e inserido no mundo simbólico.
Quando se forma o inconsciente? Em que idade?
Não existe uma idade exata, mas podemos pensar esse processo em três momentos fundamentais:
a) Antes mesmo do nascimento:
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O sujeito já é alvo de discursos e expectativas: o desejo dos pais, o nome que receberá, o lugar que ocupará na família.
Esse é o campo da alienação primordial: o sujeito nasce já “falado”.
b) Primeiros anos de vida (até ± 2 anos):
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O bebê começa a perceber que há uma separação entre ele e o outro (sobretudo a mãe).
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O ingresso mais estruturado no simbólico ocorre através do que Lacan chama de Nome-do-Pai:
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É a função paterna que instaura a Lei e possibilita a separação da díade mãe-filho.
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Isso ocorre, simbolicamente, com a castração simbólica, por volta do fim do Édipo (entre 3 e 5 anos).
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c) Por volta dos 3 a 5 anos:
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A criança já articula a linguagem com mais complexidade.
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É nesse momento que se consolida o recalque primário: certos significantes ficam fora do campo do consciente, marcando o funcionamento do inconsciente.
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A estrutura subjetiva (neurose, psicose ou perversão) começa a se definir conforme a maneira como se deu essa entrada na linguagem e na Lei.
O inconsciente é uma estrutura de linguagem
Assim, para Lacan:
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O inconsciente não é biológico, nem puramente psíquico, mas uma estrutura formal, sustentada pela rede dos significantes.
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O inconsciente não pertence ao indivíduo isolado, mas à relação com o Outro, à cultura e à linguagem.
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O sujeito é, antes de tudo, um efeito da linguagem.
Por isso, ele diz que:
“O inconsciente é o discurso do Outro.”
Ou seja, no inconsciente, não encontramos "verdades internas", mas os efeitos da linguagem, os desejos e marcas que vieram do Outro.
Resumo final:
"Pronto para cuidar da sua saúde emocional? Marque sua consulta e comece sua jornada de autoconhecimento."“O inconsciente, para Lacan, é uma estrutura que funciona como uma linguagem. Ele se forma quando eu entro na linguagem, desde que sou nomeado e desejado. O inconsciente é o discurso do Outro que me atravessa e se manifesta sem que eu saiba, em sintomas, lapsos e sonhos.”
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